domingo, 19 de maio de 2013

(Poesia) Vagabunda,


por Zé Mauro.

Vagávamos pelas florestas
Em busca das festas
Em busca de nós
E os marinheiros desatavam
E de beber se intrigavam
Se a vida realmente
é um pedaço de mar

Vaguei por entre as dunas
Os riachos de Inhaúma
Os rios de tua voz
E os marinheiros esqueceram
De se matar, se perderam
"E se fosse a vida da gente
um pouco mais que amar?"

Não há nada que possamos fazer.
Ela já estava à beira da morte
muito antes de chegar aqui.

Você sabe que ela sempre foi disso.
Zanzar pelas ruas, vagar pelos montes,
e vaga ela, vaga pernas, vaga bunda...

(Poesia) Uma pergunta,


por César.

vale a pena
ser de gelo
derreter
como caramelo
e morrer
com esse apelo
e vale a pena
ser tão belo
ser de outro
ser relance
ser assim
por um instante
pelo o fim
deixe-me solto
e tudo isso
são apenas questões
que me assolam
o compromisso
as desrazões
e o seu ser omisso

(Poesia) Um poema para Deus,


por César.

Achei que seria interessante declamar o quanto te amo
O quanto me esqueço, o quanto mais te lembro
Relatar todo esse jeito de ser seu membro
Ser o seu inferior que te sustenta como um gênio a um amo

Resgate-me dessa vida extraterrestre
E ponha-me em teu mundo, mas que seja agora
Poupe-me dessa vida de ampolas, de mágoas
E injete-me adoçante, sorvete kibon, chicabom ou chiclete

Um pouco da tua sinestesia
Em sentir os dedos correrem o corpo
Em matar quem decerto já está morto
Em roubar o ar de quem tem asma e nem respira

Agora me despeço,
Tranco a minha vida dentro de mim
Para que sejas de minhas flores um jardim
Que me guarde e me sirva de unidade e progresso.

(Poesia) Seu aonde,


por José Mauricio.

Deus-no dinheiro.
Deus-no a vida.
Do outro.

Deus-no a morte.
Deus-no a riqueza.
Só nossa.

Deus-no tudo.
Deus-no o vácuo.
O buraco negro.

Deus-no o acaso.
Deus-no a esperança.
A sociedade.

Deus-no a sofreguidão.
Deus-no a fome.
A desigualdade.

Deus-no o nosso.
Deus-no o deles.
O de todos.

Deus-no a força.
Deus-no a fé.
A febre.

Deus-no a gripe.
Deus-no a epidemia.
Os gafanhotos.

Deus-no as pragas.
Deus-no o Egito.
A esfinge.

Deus-no um enigma.
Deus-no uma questão.
Nossa própria existência

Deus-no o pensar.
Deus-no o questionar.
Sua insólita certeza.

(Poesia) O vento!,

por José Mauricio.

Posso ouvi-lo passar
ver a onda
e o estrago
a vida é curta
e nao vê
pensei
que quando acabasse

Conselho de amigo: - Ela te faz mal, larga dela, ou conquiste-a, namore uns 5 anos, aproveite o máximo e depois jogue-a fora, pois ainda assim não valerá a pena.

acordaria no tempo
e pararia
por ele
por ela
um século
um mês
três vidas em marte
um passo
pra mim
pra dentro
pro recuo
recuarei
por que será?
pensarei
nisso tudo
como pode
você sonha
comigo
com o impossível de saber
nao digo que penso
e penso em dizer

Conselho de amigo: - Acho que ela te tortura.

isso eu vi
o vento leva
não sei mais
nunca soube
é como sonhar sabe
e o esforço pra lembrar
é so pra esquecer
tudo
ela
dela
de nós
isso porque diz mais
se a gente nunca soube
rir um do outro
então choremos
e talvez
sobre a gente
dure
perdure
vem renascido o amor

-

Poesia de atualizacão

Refeita, de forma, reformada
Desfeita a receita, remasterizada
E eu tentei te controlar
Tentei te ramificar

Não deu em nada
E eu te fiz acreditar
Mas eu sequer subi a escada
O que eu fiz, foi só amar

Mas isso é coisa de outro mundo
Coisa de gente antiga
De tralha, de quarto imundo
Coisa de gente amiga

Eu sou assim, não sei
Escrever, parafraseio
Se hoje diz que vens me ver, serei
Alegre desde ontem, no  anseio.

-

01:25
ventos e lágrimas
um século
sete vidas
as vidas detrás
são partes de nós
do nosso não dito
do nosso como será
o vento vai dizer
lento o que virá
e se chover demais
a gente saberá
claro de um trovão
se alguém depois sorrir
em vão
em paz
só te encontrar
e o que falta...
te encontrar no vento

(Poesia) Ex,

por José Mauricio.

Ex-gay.
Ex-pastor.
Ex-gente.
Ex-funcionário do Banco do Brasil.
Ex-funcionário da Petrobrás.
No fundo, isso tudo é impossível.
Odeio musicais.
Ex-tudo.
Ex-o que nunca fomos.
Ex-ex.
Ex-namorado do mesmo colégio.
Mais improvável que um meteoro em Sodoma e Gomoha.
Ex-tupro.
Isso é bem provável.
A trupe não para.
Eles matam.
E é caro.
Seu sangue vale o nosso.
Sua vida vale a nossa.
Vampiros.

(Poesia) Fox branco. Eu Era Um Lobisomem Juvenil,

por Zé Mauro.

Passou na TV, direi-te ó Mulato.
Vistes o que ocorreu neste céu azul claro?
Vi não, sinhô, o que se deu no local?
Foi mais um que morreu ou outro avanço de sinal?
Nem um, nem outro, cabra, foi diferente.
Foi um outro cabra doido, que agora deu pra comer gente.

Cada dia é uma novidade, uma loucura outra.
Mas não me assustam os canibais que vagam à solta.
O que te assusta então, pobre homem?
Te assustaria saber que o canibal tem teu nome?
Mas como eu? Não pudera jamais ser desse jeito.
Não como gente e disso sempre tive preconceito.

Talvez seja a lua, tua inimiga da eternidade.
Ou talvez seja tua mentira que está dizendo que dizes a verdade.
Eu larguei desta vida de lunático assaltado.
Converti-me ao judaísmo e hoje sou circuncidado.
Vende teu fox branco e essa angústia que te consome.
Tu estupras os filhos da pátria mãe, porque tu és O Lobisomem.

(Poesia) Aqui jazz a preocupação,

por J. Machintosh.

Essa alegria que combina com nossa dentição.
Essa experiência de juntar cadências...
As cadências de nossos corações.
E à decadência está o mundo lá fora.
Todos manequins da esperança
Vestidos com vestes sacerdotais
Extremamente específicas
Medidas a dedo, polegada
Marionetes dessa vida de diachos
E os riachos que nos molham
O rosto reluz o amanhã
Que há nos olhos da menina-moça
Que dança o samba
Que bambeia a bamba
Que incendeia a chama
Que ofusca o meu brilho
Ah!,...

O mundo não importa para nós.

Dance o bebop, baby, e ponha-nos numa estrela cadente qualquer.