terça-feira, 4 de junho de 2013

(Prosa) Cantos de contos por horas,

por José Mauricio.

Bailarina. (17:42)

É chato quando ela faz questão de escrever essas coisas que te machucam mas que você que inventou que é para você e que você já algum dia foi importante para ela só porque passou tanto tempo e continua sentindo a mesma coisa sem ter nenhum ponto final mas cheio de virgulas e pausas e caminhos trocados que só vão se cruzar se a gente pular da ponte se ela pular porque eu já fiz a questão de mergulhar e esperá-la na lama no brejo no rio. Quedê bailarina? Morreu de tuberculose.

Repertório. (18:37)

Agora também ela está fazendo questão de construir meu repertório de audição quero voar desse mundo já não aguento mais é muita pausa muitos desvios pontes sobre esses sentimentos que ela trata como mazela mas é mal é amor é malícia é mal é mal é bom é bom demais é ruim para mim e para o coração maroto que não gosta de Nestlê e quer chocolate meio amargo desse amargo que de ti jorra. Você sabe escrever um soneto heroico? Posso tentar te ensinar?

Independência e morte. (10:48)

Djavan - Um amor puro
Lulu Santos - O último romântico
Paralamas do sucesso - Lanterna dos afogados

Hoje eu escolhi meu repertório e faço questão de gritar já que hoje eu também escolhi não doer escolhi não viver também mas não dou a mínima para a vida já que não há vida sem mágica e a mágica acabou porque ela não quer mais dançar e nem me ensinar os seus truques de ilusionismo mas quem escolhe o que beber hoje sou eu e eu vou tomar veneno só veneno só isso sem mais sem dor sem morte é só para me manter desacordado e em coma o tempo suficiente de alguém perceber que o Belo também adormece que o Belo também ama e chora por esse amor que o Belo é belo por amar uma Bela que embeleza toda a vida que vai acabar pelo visto que vai restar cinza do que foi belo do Belo que só foi belo enquanto não foi inconveniente com a razão e com o que se achou como sorte ou dom. A água que tem sal ou o sal que tem a água? É muito gosto nessa boca tão insípida que só sabe cantar em nota dó.

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