terça-feira, 4 de junho de 2013

(Prosa) Caro Watson,

por José Mauricio.

     Ninguém devolve carteira cara-a-cara, ninguém perdoa quem meche com a namorada, trem que sai não espera quem grita... E você taí parado, achando que ela vai te esperar. Vai sonhando, caro Watson, vai sonhando...
Algum dia alguém já fez isso na História da humanidade? Vai lá, procura na Bíblia. Ninguém espera ninguém. A galera quer ressuscitar, quer ter pão - e quanto mais pão melhor, não é?! -, o pessoal quer remédio, quer médico de graça, mas ninguém aqui quer amor. Desde quando amor mata a fome? Desde quando amor impediu alguém de morrer? Desde quando, menino? Desde quando?
Você tá pensando o que? Que as pessoas são solidárias? Tá achando que o pessoal vai te ajudar? Que vão ouvir seu caso e te dar conselhos? Quanto mais você se mostra deficiente e sofredor mais a galera te pisa, te chuta e te amassa com os casos deles. Quem precisa de conselho é quem tem que aconselhar, caro Watson.
Você é um menino jovem, eu tenho um bom tempo de vida. Já desvendei muitos casos e, na maioria das vezes, eles acontecem pelo mesmo motivo: ego. Aliás, na maioria não, em todas as vezes. É um caso sério, caro Watson. É realmente um caso sério. A gente não vê mais tempo para poder auxiliar as pessoas, não temos tempo nem para dar informações nas ruas das nossas cidades movimentadas, nossas lágrimas só servem pra salgar o feijão com arroz da mamãe.
É isso que nós somos, Watson... É isso que nós sempre seremos.

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